Chamada para envio de artigos para o Dossiê ''Teoria da história após o giro-linguístico''

2024-07-21

Há não muito tempo, o cenário da teoria da história era dominado pelas reflexões sobre o giro-linguístico, desde os eventos nacionais e internacionais, até as publicações da área. As discussões se deram, principalmente, em torno da obra de Hayden White, frequentemente rotulado como relativista ou pós-moderno e, em momentos mais maduros da discussão, identificado como autor que contribuiu para a reflexão sobre as dimensões éticas e epistemológicas do texto histórico, não considerando apenas sua dimensão formal-estética enquanto “artefato literário”.  Podemos dizer que, desde Metahistory, em 1973, e Practical Past, em 2014, as obras do historiador estadunidense marcaram gerações no cenário da teoria da história. Após sua morte teria, enfim, morrido também a força do debate sobre o giro linguístico e as filosofias narrativistas da História? Não apenas os trabalhos de Hayden White, mas de Louis Mink, Paul Roth, Frank Ankersmit  e outros chamados de narrativistas; a filosofia analítica da História com William Dray e Carl Hempel teria encontrado seu ocaso? Essa tradição de pensamento da teoria da história parece ter se desvanecido. Teria se esgotado, chegado aos limites das conclusões que poderiam chegar? Ou ainda são válidas suas reflexões? Com o surgimento de novas reflexões sobre a temporalidade histórica, como os trabalhos de Zoltán Boldizsár Simon, os trabalhos de Jouni-Matti Kuukkanen sobre a filosofia pós-narrativista da História, reflexões sobre o antropoceno e um olhar epistemológico da história descentralizado do núcleo europeu parece, hoje, ter tomado a proeminência que uma vez a filosofia analítica da História e o giro linguístico já tiveram no campo da teoria da história. Contudo, em diversas áreas acadêmicas também é possível encontrar estudos que aprofundam e desenvolvem o programa narrativista, ampliando seu alcance para outras formas de construção do conhecimento histórico e de representação de acontecimentos do passado, como o cinema e as mídias digitais, mas que também não renunciam ao poder epistemológico-cognitivo da historiografia. Nesse sentido, esta proposta pretende ao mesmo tempo fazer um memorial dessas discussões, mas não um necrológio, avaliando a vitalidade que esses debates ainda podem trazer para o campo da teoria e da história como um todo. Assim, espera-se que o dossiê seja uma ocasião valiosa em que diferentes perspectivas possam ser expressas e colocadas em diálogo, para além (ou ao lado) das correntes teóricas e temáticas que possam estar definindo o rumo e/ou agenda da pesquisa no campo hoje.