A crítica historiográfica no Brasil nos anos 1990 e o espectro do linguistic turn: embates entre “modernos” e “pós-modernos”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15848/hh.v12i30.1458

Palavras-chave:

Historiografia, Giro Linguístico, Crítica

Resumo

Neste artigo, discutimos como a crítica historiográfica, no Brasil, fez da linguistc turn um espectro a assombrar os territórios e fronteiras disciplinares de Clio, ameaçando o ofício dos historiadores profissionais, acadêmicos. Penso isso a partir de um suposto debate ocorrido em 1993, por ocasião dos 20 anos do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, CPDOC, da Fundação Getúlio Vargas, entre dois expoentes dos debates que orbitavam a “virada linguística” e suas implicações para o fazer do historiador, Hayden White e Roger Chartier. Os textos de ambos, publicadas em 1994, na edição comemorativa da Revista Estudos Históricos – REH, servirão de modelo para os debates teórico-metodológicos que os historiadores profissionais, acadêmicos, sobretudo aqueles que se arvoravam como críticos historiográficos, iriam estabelecer dali por diante, em especial quando estavam avaliando o “estado da arte” no país. Esse debate reverberou ao longo dos anos 1990 e 2000 nas discussões que opuseram “modernos” e “pós-modernos”, e na configuração da geografia e da memória disciplinar do saber histórico no Brasil.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Wagner Geminiano dos Santos, Rede municipal de ensino de São J. C. Grande - PE.

Mestre e doutor em História pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, professor das redes municipais de São José da Coroa Grande e Água Preta, Pernambuco.

Referências

ALBUQUERQUE JR., Durval Muniz de. O historiador naïf ou a análise historiográfica como prática de excomunhão. In: GUIMARÃES, Manoel L. S. (Org.). Estudos sobre a escrita da História. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006, p. 192-215.

ALBUQUERQUE JR., Durval Muniz de. O Caçador de Bruxas: Carlo Ginzburg e a análise historiográfica como inquisição e suspeição do outro. Saeculum (UFPB), v. 21, p. 45-63, 2009. Disponível em: http://www.periodicos.ufpb.br/index.php/srh/article/view/11470. Acesso em: 23 maio 2017.

ALBUQUERQUE JR., Durval Muniz de. Mennocchio e Riviére: criminosos da palavra, poetas do silêncio. Resgate (UNICAMP), Campinas, v. 2, p. 48-55, 1990.

CARDOSO, Ciro Flamarion. Um historiador fala de teoria e metodologia: Ensaios. Bauru: EDUSC, 2005.

CARDOSO, Ciro Flamarion. Ensaios Racionalistas. Rio de Janeiro: Campus, 1988.

CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo (Orgs.). Domínios da História. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

CARDOSO, Ciro Flamarion. História e paradigmas rivais. In: CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo (Orgs.). Domínios da História. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

CERTEAU, Michel de. A escrita da História. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.

CERTEAU, Michel de. História e Psicanálise: Entre ciência e ficção. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011.

CEZAR, Temístocles. Hamlet Brasileiro: ensaio sobre giro linguístico e indeterminação historiográfica (1970-1980). História da Historiografia, n. 17, p. 440-461, 2015. Disponível em: https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/741. Acesso em: 18 jun. 2018. DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v0i17.741

CHARTIER, Roger. Au bord de la falaise. L’historie entre certitudes et inquiétitude. Paris: Albin Michel, 1998.

CHARTIER, Roger. À beira da falésia: a história entre certezas e inquietudes. Porto Alegre: Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2002.

CHARTIER, Roger. A História hoje: dúvidas, desafios e propostas. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, n. 13, 1994. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/1973. Acesso em: 15 ago 2019.

DIEHL, Astor Antônio. A matriz da cultura histórica brasileira: do crescente progresso otimista à crise da razão histórica. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1993a.

DIEHL, Astor Antônio. A cultura historiográfica brasileira: década de 1930 aos anos 1970. Passo Fundo: Editora da Universidade de Passo Fundo, 1999.

DIEHL, Astor Antônio. A cultura historiográfica nos anos 80: mudança estrutural na matriz historiográfica brasileira (IV). Porto Alegre: Evangraf, 1993b.

FALCON, Francisco Calazans. Estudos de Teoria da História e Historiografia. V. I - Teoria da História. 1. ed. São Paulo: HUCITEC, 2011, 206 p.

FALCON, Francisco Calazans. A identidade do Historiador. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 9, n. 17, p. 7-30, 1996.

FALCON, Francisco Calazans. Historiografia Contemporânea: balanço e perspectivas. Revista da Faculdade de Letras-História, Porto – Portugal, série II, v. 11, p. 353-376, 1994.

FICO, Carlos; POLITO, Ronald. A história no Brasil: elementos para uma avaliação historiográfica. Ouro Preto: UFOP, v. 1, 1992.

FRANZINI, Fábio. Mr. White chega aos trópicos: notas sobre Meta-história e a recepção de Hayden White no Brasil. In: BENTIVOGLIO, Julio; TOZZI, Verónica (Orgs.). Do passado histórico ao passado prático: 40 anos de Meta-história. Serra: Milfontes, 2017.

GARCHET, Helena Maria Bomeny. Teoria literária e escrita da História de Hyden White. Revista Estudos Históricos – REH. Rio de Janeiro, Vol. 07, Nº 13, 1994. pp. 21- 23. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/1972. Acesso em: 18 mar. 2017.

GINZBURG, Carlo. Relações de força: história, retórica, prova. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

GINZBURG, Carlo. O fio e os rastros: verdadeiro, falso, fictício. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

GONÇALVES, Sergio Campos. Enfrentamentos epistemológicos: teoria da história e a problemática pós-moderna. História da Historiografia, Ouro Preto, n. 8, abr., p. 187-196, 2012. Disponível em: Disponível em: https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/267/249. Acesso em: 8 set. 2017. DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v0i8.267

MALERBA, Jurandir. História & Narrativa: A ciência e a arte da escrita histórica. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016.

MALERBA, Jurandir. A história escrita: teoria e história da historiografia. São Paulo: Contexto, 2006a, 238 p.

MALERBA, Jurandir. (Org.). A escrita da história: teoria e história da historiografia. São Paulo: Contexto, 2006b, p. 7-10.

MALERBA, Jurandir; CARDOSO, Ciro F. (Orgs.). Representações: contribuição a um debate transdisciplinar. Campinas: Papirus, 2000, 275 p.

MALERBA, Jurandir. Em Busca de um Conceito de Historiografia - Elementos para uma Discussão. Varia História, Belo Horizonte, v. 17, p. 23-56, 2003.

MALERBA, Jurandir. Notas à margem: a crítica historiográfica no Brasil dos anos 1990. Textos Históricos, Brasília, v. 10, n. 1-2, p. 181-214, 2002.

OHARA, João Rodolfo Munhoz. Virtudes epistêmicas na historiografia brasileira (1980-1990). Tese de Doutorado. UNESP: Assis – SP, 2017.

RAGO, Margareth; GIMENES, Renato A. de O. (Orgs.). Narrar o passado, repensar a história. Campinas, SP: UNICAMP, 2000a.

RAGO, Margareth. Pensar diferentemente a história, viver femininamente o presente. In: GUAZZELLI, C.A.B.; PETERSEN, Silvia; SCHIMIDT, Benito B.; XAVIER, C.L. (Orgs.). Questões de Teoria e Metodologia da História. Porto Alegre: Editora Universidade UFRGS, 2000b, p. 41-58.

RAGO, Margareth. A “nova” historiografia brasileira. Revista Anos 90, Porto Alegre, v. 11, p. 73-97, 1999. DOI: https://doi.org/10.22456/1983-201X.6543

RAGO, Margareth. O Efeito Foucault Na Historiografia Brasileira. Tempo Social – Revista de Sociologia da USP, São Paulo, v. 3, n. 28, 1995.

RAGO, Margareth. As Marcas da Pantera: Michel Foucault na historiografia brasileira contemporânea. Revista Anos 90, Porto Alegre, v. 1, n.1, p. 121-143, 1993a. DOI: https://doi.org/10.22456/1983-201X.6120

RAGO, Margareth. As Marcas da Pantera: Foucault para historiadores. Revista Resgate. Campinas – SP, v. 1, n.5, p. 128-147, 1993b.

RAMOS, Igor Guedes. Genealogia de uma operação historiográfica: as apropriações dos pensamentos de Edward Palmer Thompson e de Michel Foucault pelos historiadores brasileiros na década de 1980. Tese de Doutorado. UNESP: Assis – SP, 2014.

REIS, José Carlos. Identidades do Brasil: de Varnhagen a FHC. Rio de Janeiro: FGV, 2007.

REIS, José Carlos. Identidades do Brasil: de Calmon a Bonfim. Rio de Janeiro: FGV, 2006.

SANTOS, Wagner Geminiano dos. A invenção da historiografia brasileira profissional, acadêmica: geografia e memória disciplinar, disputas político-institucionais e debates epistemológicos acerca do saber histórico no Brasil (1980-2012). Tese (Doutorado). Universidade Federal de Pernambuco, CFCH. Programa de Pós-graduação em História, Recife, 2018.

SANTOS, Wagner Geminiano dos. Invenção da crítica historiográfica brasileira pós década de 1980: um campo de batalhas para modernos e pós-modernos. Revista de Teoria da História, Goiás, n. 7, p. 128-155, 2012.

WHITE, Hayden. Meta-história: A imaginação Histórica do Século XIX. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1992.

WHITE, Hayden. Teoria da História e escrita da História. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, n. 13, 1994.

Downloads

Publicado

2019-08-27

Como Citar

DOS SANTOS, W. G. A crítica historiográfica no Brasil nos anos 1990 e o espectro do linguistic turn: embates entre “modernos” e “pós-modernos”. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 12, n. 30, 2019. DOI: 10.15848/hh.v12i30.1458. Disponível em: https://revistahh.emnuvens.com.br/revista/article/view/1458. Acesso em: 9 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigo