Falando de Virtudes e Estabelecendo Fronteiras na Historiografia Brasileira Moderna: uma leitura de Historiadores do Brasil, de Francisco Iglésias

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15848/hh.v12i30.1475

Palavras-chave:

Francisco Iglésias, Historiografia brasileira, Virtudes epistêmicas

Resumo

Em Historiadores do Brasil, Francisco Iglésias avalia alguns dos grandes nomes da historiografia brasileira, dividindo-os em três momentos distintos: o primeiro, até 1838; o segundo, de 1838 a 1931; e o terceiro, de 1931 adiante. Este artigo focará no terceiro desses momentos, o qual tem sido tratado como o momento da "historiografia brasileira moderna". Mais especificamente, gostaria de focar no uso que Iglésias faz de uma linguagem de vícios e virtudes para avaliar aqueles historiadores e seus trabalhos. Vícios e virtudes têm sido usados há muito não apenas para avaliações morais, mas também para avaliações epistêmicas. Ser reconhecido como historiador inclui cultivar repertórios de virtudes consideradas necessárias para ser, de fato, historiador. Enquanto Iglésias avalia seus predecessores, veremos como uma maneira particular de ser historiador - aquela do professor universitário dos anos de 1980 - confronta modelos anteriores de subjetividade acadêmica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

João Rodolfo Munhoz Ohara, Unesp

Doutor em História na Unesp/Assis, com pesquisas nas áreas de Teoria da História e História da Historiografia. Atualmente é pesquisador (pós-doutorado) na Unesp/Franca, com financiamento Fapesp (no. 2017/26988-3).

Referências

ANHEZINI, Karina. Arautos da História da Historiografia: as disputas por um conceito de historiografia nas cartas de Amaral Lapa enviadas a Nilo Odália. Patrimônio e Memória, São Paulo, v. 11, n. 1, p. 4-21, 2015. Available at: http://pem.assis.unesp.br/index.php/pem/article/viewFile/515/778. Accessed in: 3 apr. 2019.

CEZAR, Temístocles. Hamlet Brasileiro: ensaio sobre giro linguístico e indeterminação historiográfica (1970-1980). História da Historiografia, Ouro Preto, n. 17, p. 440-461, 2015. Available at: https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/viewFile/741/557. Accessed in: 2 apr. 2019. DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v0i17.741

COLLINI, Stefan. “Discipline History” and “Intellectual History”: reflections on the historiography of the social sciences in Britain and France. Revue de Synthèse, Paris, v. 109, n. 3-4, p. 387-399, 1988. Available at: https://link.springer.com/article/10.1007/BF03189137. Accessed in: 21 mar. 2019. DOI: https://doi.org/10.1007/BF03189137

CREYGHTON, Camille; HUISTRA, Pieter; KEYMEULEN, Sarah; PAUL, Herman. Virtue Language in Historical Scholarship: the cases of Georg Waitz, Gabriel Monod and Henri Pirenne. History of European Ideas, Abingdon, v. 42, n. 7, DOI: https://doi.org/10.1080/01916599.2016.1161536

p. 924-936, 2016. Available at: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/01916599.2016.1161536. Accessed in: 28 mar. 2019.

DAUKAS, Nancy. Epistemic Trust and Social Location. Episteme, Cambridge, v. 3, n. 1-2, p. 109-124, 2006. Available at: https://muse.jhu.edu/article/209434. Acesso em 2 apr. 2019. DOI: https://doi.org/10.3366/epi.2006.3.1-2.109

DONGEN, Jeroen van; PAUL, Herman (eds.). Epistemic Virtues in the Sciences and the Humanities. Cham: Springer, 2017.

ENGBERTS, Christiaan. Gossiping About the Buddha of Göttingen: Heinrich Ewald as an unscholarly persona. History of Humanities, Chicago, v. 1, n. 2, p. 371-385, 2016. Available at: https://www.journals.uchicago.edu/doi/abs/10.1086/687973. Accessed in: 29 mar. 2019. DOI: https://doi.org/10.1086/687973

ESKILDSEN, Kasper Risbjerg. Leopold Ranke’s Archival Turn: Location and Evidence in Modern Historiography. Modern Intellectual History, Cambridge (UK), v. 5, n. 3, DOI: https://doi.org/10.1017/S1479244308001753

p. 425-453, 2008. Available at: https://www.cambridge.org/core/journals/modern-intellectual-history/article/leopold-rankes-archival-turn-location-and-evidence-in-modern-historiography/B1CA6AD8F32C32F7064AB4F1C1AFB4B0. Accessed in: 2 apr. 2019.

ESKILDSEN, Kasper Risbjerg. Inventing the Archive: testimony and virtue in modern historiography. History of the Human Sciences, New York, v. 26, n. 4, p. 8-26, 2013. Available at: https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0952695113496094. Accessed in: 1 apr. 2019. DOI: https://doi.org/10.1177/0952695113496094

FALCON, Francisco José Calazans. A Cadeira de História Moderna e Contemporânea e o Ensino e a Pesquisa Históricas na FNFi-UB. In: FALCON, Francisco José Calazans. Estudos de Teoria da História e Historiografia, volume II: historiografia. São Paulo: Hucitec, 2015. p. 184-202.

FERREIRA, Marieta de Moraes. A História como Ofício: a constituição de um campo disciplinar. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2013.

FRANZINI, Fabio; GONTIJO, Rebeca. Memória e História da Historiografia no Brasil: a invenção de uma moderna tradição, anos 1940-1960. In: SOIHET, Rachel et al. (orgs.). Mitos, Projetos e Práticas Políticas: memória e historiografia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009. p. 141-160.

FREIXO, Andre de Lemos. Um ‘Arquiteto’ da Historiografia Brasileira: história e historiadores em José Honório Rodrigues. Revista Brasileira de História, São Paulo,

v. 31, n. 62, p. 143-172, 2011. Available at: http://ref.scielo.org/hzv9x3. Accessed in: 2 apr. 2019.

FREIXO, Andre de Lemos. Ousadia e Redenção: o Instituto de Pesquisa Histórica de José Honório Rodrigues. História da Historiografia, Ouro Preto, n. 11, p. 140-161, 2013. Available at: https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/viewFile/514/350. Accessed in: 2 apr. 2019. DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v0i11.514

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro. 3rd ed. Rio de Janeiro, 2010. Available at: https://cpdoc.fgv.br/acervo/dhbb. Accessed in: 21 mar. 2019.

GOMES, Angela de Castro. História & Historiadores. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1996.

HUISTRA, Pieter. The Trial of Henry of Brederode: historians, sources and location under discussion in 19th-century historiography. History of the Human Sciences, New York, v. 26, n. 4, p. 50-66, 2013. Available at: https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0952695113500290. Accessed in: 1 apr. 2019. DOI: https://doi.org/10.1177/0952695113500290

IGLÉSIAS, Francisco. A Historiografia Brasileira Atual e a Interdisciplinaridade. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 3, n. 5, p. 129-141, 1983. Available at: https://www.anpuh.org/arquivo/download?ID_ARQUIVO=1714. Accessed in: 4 apr. 2019.

IGLÉSIAS, Francisco. Os Historiadores do Brasil: capítulos de historiografia brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.

LAPA, José Roberto do Amaral. Historiografia Brasileira Contemporânea: a história em questão. 2nd ed. Petrópolis: Vozes, 1981. [1st ed. 1976].

MANTEUFEL, Katharina. A Three-Story House: Adolf von Harnack and practices of academic mentoring around 1900. History of Humanities, v. 1, n. 2, p. 355-370, 2016. Available at: https://www.journals.uchicago.edu/doi/10.1086/687972. Accessed in: 2 apr. 2019. DOI: https://doi.org/10.1086/687972

MICELI, Sérgio. Intelectuais à Brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2001a.

MICELI, Sérgio. Condicionantes do Desenvolvimento das Ciências Sociais. In: MICELI, Sérgio (org.). História das Ciências Sociais no Brasil, vol. 1. São Paulo: Editora Sumaré, 2001b, p. 91-133.

MONTEIRO, Pedro Meira; EUGÊNIO, João Kennedy (orgs.). Sérgio Buarque de Holanda: Perspectivas. Campinas: Editora da Unicamp, 2008.

MOTTA, Rodrigo Patto Sá. As Universidades e o Regime Militar: cultura política brasileira e modernização autoritária. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.

NICODEMO, Thiago Lima. Urdidura do Vivido: Visão do Paraíso e a obra de Sérgio Buarque de Holanda nos anos 1950. São Paulo: EdUSP, 2008.

OHARA, João Rodolfo Munhoz. The Disciplined Historian: “epistemic virtue”, “scholarly persona”, and practices of subjectivation. A proposal for the study of Brazilian professional historiography. Práticas da História, Lisboa, v. 1, n. 2, p. 39-56, 2016. Available at: http://www.praticasdahistoria.pt/issues/2016/12/PDH_02_JoaoOhara.pdf. Accessed in: 5 apr. 2019.

OHARA, João Rodolfo Munhoz. Virtudes Epistêmicas na Prática do Historiador: o caso da sensibilidade histórica na historiografia brasileira (1980-1990). História da Historiografia, Ouro Preto, n. 22, p. 170-183, 2016. Available at: https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/viewFile/1107/654. Accessed in: 5 apr. 2019. DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v0i22.1107

OHARA, João Rodolfo Munhoz Ohara. Virtudes Epistêmicas na Historiografia Brasileira (1980-1990). Assis: Unesp, 2017. PhD thesis.

OLIVEIRA, Maria da Glória de. O Nobre Sacerdócio da Verdade: reflexões sobre o ofício do historiador no Brasil oitocentista. Lusíada. História, Lisboa, n. 9/10, p. 191-207, 2013. Available at: http://repositorio.ulusiada.pt/bitstream/11067/1122/1/LH_9-10_9.pdf. Acesso em 3 apr. 2019.

PARADA, Maurício; RODRIGUES, Henrique Estada (orgs.). Os Historiadores: clássicos da história do Brasil, vol. 4: dos primeiros relatos a José Honório Rodrigues. Petrópolis: Vozes, 2018.

PAUL, Herman. Performing History: how historical scholarship is shaped by epistemic virtues. History and Theory, Middletown, v. 50, n. 1, p. 1-19, 2011a. Available at: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1468-2303.2011.00565.x. Accessed in: 21 mar. 2019. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1468-2303.2011.00565.x

PAUL, Herman. Distance and Self-Distanciation: intellectual virtue and historical method around 1900. History and Theory, Middletown, v. 50, n. 4, p. 104-116, 2011b. Available at: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1468-2303.2011.00606.x. Accessed in: 22 mar. 2019. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1468-2303.2011.00606.x

PAUL, Herman. Weak Historicism: on hierarchies of intellectual virtues and goods. Journal of the Philosophy of History, Leiden, n. 6, p. 396-388, 2012. Available at: https://brill.com/view/journals/jph/6/3/article-p369_4.xml. Accessed in: 21 mar. 2019. DOI: https://doi.org/10.1163/18722636-12341237

PAUL, Herman. The Heroic Study of Records: the contested persona of the archival historian. History of the Human Sciences, New York, v. 26, n. 4, p. 67-83, 2013. Available at: https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0952695113500291. Accessed in: 21 mar. 2019. DOI: https://doi.org/10.1177/0952695113500291

PAUL, Herman. The Virtues and Vices of Albert Naudé: toward a history of scholarly personae. History of Humanities, Chicago, v. 1, n. 2, p. 327-338, 2016. Available at: https://www.journals.uchicago.edu/doi/abs/10.1086/688036. Accessed in: 23 mar. 2019. DOI: https://doi.org/10.1086/688036

RAMOS, Igor Guedes. Genealogia de uma Operação Historiográfica: Edward Palmer Thompson, Michel Foucault e os historiadores brasileiros da década de 1980. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2015.

RIBEIRO JÚNIOR, José. Memórias de um Profissional de História. História da Historiografia, Ouro Preto, n. 11,

p. 33-44, 2013. Available at: https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/viewFile/555/344. Accessed in: 4 apr. 2019.

RODRIGUES, José Honório. A Pesquisa Histórica no Brasil. 3rd ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1978. [1st ed. 1958].

RODRIGUES, Lidiane Soares. Armadilha à Francesa: homens sem profissão. História da Historiografia, Ouro Preto, n. 11, p. 85-103, 2013. Available at: https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/viewFile/539/347. Accessed in: 1 apr. 2019. DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v0i11.539

RODRIGUES, Mara Cristina de Matos. A Formação Superior em História na UPA/URGS/UFRGS de 1943-1971. História da Historiografia, Ouro preto, n. 11, p. 122-139, 2013. Available at: https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/viewFile/544/349. Accessed in: 3 apr. 2019. DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v0i11.544

SAARLOS, Léjon. Virtue and Vice in Academic Memory: Lord Acton and Charles Oman. History of Humanities, Chicago, v. 1, n. 2, p. 339-354, 2016. Available at: https://www.journals.uchicago.edu/doi/abs/10.1086/687971. Accessed in: 2 apr. 2019. DOI: https://doi.org/10.1086/687971

SANTOS, Alessandra Soares. Francisco Iglésias e o curso de geografia e história da Faculdade de Filosofia de Minas Gerais (década de 1940). História da Historiografia, Ouro Preto, n. 11, p. 104-121, 2013. Available at: https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/viewFile/521/348. Accessed in: 1 apr. 2019. DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v0i11.521

SANTOS, Alessandra Soares. A Normatização Disciplinar da Historiografia Universitária: Francisco Iglésias e a sua tese de Livre-Docência. História da Historiografia, Ouro Preto, n. 23, p. 64-77, 2017. Available at: https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/viewFile/1151/671. Accessed in: 1 apr. 2019. DOI: https://doi.org/10.15848/hh.v0i23.1151

SANTOS, Wagner Geminiano dos. A Invenção da Historiografia Brasileira Profissional, Acadêmica: geografia e memória disciplinar, disputas político-institucionais e debates epistemológicos acerca do saber histórico no Brasil (1980-2012). Recife: UFPE, 2018. PhD thesis.

WHITE, Hayden. Metahistory: the historical imagination in 19th-century Europe. 40th anniversary edition. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2014. [1st ed. 1973].

Publicado

2019-08-27

Como Citar

OHARA, J. R. M. Falando de Virtudes e Estabelecendo Fronteiras na Historiografia Brasileira Moderna: uma leitura de Historiadores do Brasil, de Francisco Iglésias. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 12, n. 30, 2019. DOI: 10.15848/hh.v12i30.1475. Disponível em: https://revistahh.emnuvens.com.br/revista/article/view/1475. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigo