Os estudos do futebol na Inglaterra
um balanço bibliográfico da produção acadêmica sobre hooliganismo
DOI:
https://doi.org/10.15848/hh.v14i35.1598Palavras-chave:
História social dos esportes, Futebol na Inglaterra, HooliganismoResumo
O artigo apresenta o debate bibliográfico sobre os estudos futebolísticos na Inglaterra, delineando as principais vertentes de análise e interpretação da violência no esporte, fenômeno comportamental associado ao profissionalismo esportivo na segunda metade do século XX. Visa-se expor as matrizes mais importantes de pensamento – autores, obras e instituições – que se debruçaram sobre o comportamento de grupos de torcedores, dentro e fora dos estádios daquele país, entre as décadas de 1960 e o início dos anos 2000. Sustenta-se que a chamada Escola de Leicester, reunida ao redor da figura de Norbert Elias, em especial seu discípulo Eric Dunning, foi capaz de desenvolver o mais extenso referencial teórico de explicação histórico-sociológica para as brigas intergrupais e a sua “busca da excitação”, decorrente das rixas e das emulações entre adeptos de diferentes clubes ingleses. De forma contemporânea aos acontecimentos que procura analisar, entende-se que o subcampo de estudos intitulado “hooliganismo” na Grã-Bretanha é tributário da hegemonia interpretativa eliasiana e balizou a leitura dos sentidos de um “processo civilizador” entre o público seguidor dos esportes modernos, com ênfase a seus períodos conjunturais de “descivilização”. É desse modo que se opera um “antes”, isto é, as correntes que trouxeram as primeiras análises para a explicação da violência hooligan no futebol até os anos 1970, e um “depois”, ou seja, os pesquisadores que a partir dos anos 1990 procuraram rever os paradigmas da Leicester School e, no limite, formularam uma crítica a seus pressupostos, a fim de superá-los.
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