Continuidade e descontinuidade em História da Ciência

reflexões sobre a dimensão histórica do debate

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.15848/hh.v14i37.1783

Palabras clave:

Descontinuidade, Teoria e História da Historiografia, História da ciência

Resumen

A controvérsia teórica que opõe continuístas a descontinuístas ocupa um lugar privilegiado dentro dos debates relacionados à História da Historiografia da Ciência. Mais do que uma polêmica contemporânea, essa disputa tem idade considerável; diferentes pensadores em distintas épocas dedicaram reflexões ao assunto, mobilizando categorias analíticas, tais como “ciência moderna”, a partir de seus respectivos contextos. Este artigo tem por objetivo analisar a historicidade dessa contenda, examinando a dimensão histórica de alguns dos elementos argumentativos que compõem ambas as tradições. Para tanto, selecionamos alguns pensadores que se debruçam sobre o tema e alinhamos nossa análise à abordagem histórico-conceitual. Concluímos que, embora os contornos dessa problemática teórica tenham se tornado mais visíveis no século XX, a tensão continuidade/descontinuidade pode ser vista como um desdobramento de concepções históricas muito mais antigas.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Luiz Cambraia Karat Gouvêa da Silva, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Luiz Cambraia Karat Gouvêa da Silva é bacharel e licenciado em História pela Universidade de São Paulo, iniciou o mestrado na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, sendo indicado diretamente para o doutoramento, tendo defendido a tese Sobre o nascimento da Ciência Moderna: A perspectiva continuísta de Edward Grant em 2020. Atualmente atua em pesquisa e ensino universitário na área de História, com ênfase em História da Ciência, História da Historiografia da Ciência, Teoria da História, Estudos sobre a Revolução Científica e História da Ciência Medieval. É servidor da USP desde 2011.

Citas

ALFONSO-GOLDFARB, Ana Maria; BELTRAN, Maria Helena Roxo (org.). Escrevendo a História da Ciência: tendências, propostas e discussões historiográficas. São Paulo: EDUC/Livraria Editora da Física/Fapesp, 2004.

AMALVI, Christian. Idade Média. In: LE GOFF, Jacques; SCHMITT, Jean-Claude (org.). Dicionário analítico do Ocidente medieval. São Paulo: Editora Unesp, 2017. v. 1, p. 599-616.

ARIEW, Roger; BARKER, Peter. Duhem and continuity in the history of Science. Revue Internationale de Philosophie, Paris, v. 46, n. 182, p. 323-343, 1992.

BACON, Francis. The new organon. Cambridge: Cambridge University Press, 2000.

BELTRÁN, Antonio Mari. Revolución Científica, Renacimiento e Historia de la Ciencia. Madrid: Siglo XXI de España Editores S. A., 1995.

BLOCH, Marc. Apologia da história, ou, O ofício do historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

BURCKHARDT, Johann Karl. A cultura do Renascimento na Itália: um ensaio. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

BURKE, Peter. O Renascimento. Edições Texto & Grafia, Lda. 2014.

CLAGETT, Marshall. The Science of Mechanics in the Middle Ages. Madison: The University of Wisconsin Press, 1959.

CLARK, John F. M. Intellectual History and the History of Science. In: WHATMORE, Richard; YOUNG, Brian (ed.) A Companion to Intelectual History. Chichester: John Wiley & Sons Ltd, 2016. p. 155–169.

COHEN, Ierome Bernard. Revolución en la ciencia: De la naturaleza de las revoluciones científicas, de sus etapas y desarrollo temporal, de los factores creativos que generan las ideas revolucionarias y de los criterios específicos que permiten determinarlas. Barcelona: Editorial Gedisa, S. A., 2002.

COHEN, Hendrik Floris. The Scientific Revolution: A Historiographical Inquiry. Chicago & London: The University of Chicago Press, 1994.

COMTE, Auguste. Curso de Filosofia Positiva; Discurso sobre o espírito positivo; Discurso preliminar sobre o conjunto do positivismo; Catecismo positivista. São Paulo: Abril Cultural, 1978.

CONDÉ, Mauro Lúcio Leitão. Um papel para a história: o problema da historicidade da ciência. Curitiba: Ed. UFPR, 2017.

CONDORCET, Jean-Antoine-Nicolas de Caritat. Esboço de um quadro histórico dos progressos do espírito humano. Campinas: Editora UNICAMP, 1993.

DEBUS, Allen George. Ciência e história: o nascimento de uma nova área. In: ALFONSO-GOLDFARB, Ana Maria; BELTRAN, Maria Helena Roxo (org.). Escrevendo a História da Ciência: tendências, propostas e discussões historiográficas. São Paulo: EDUC/Livraria Editora da Física/Fapesp, 2004. p. 49-74.

DUHEM, Pierre. Études sur Léonard de Vinci. Paris: Hermann, 1913. v. 3.

DUHEM, Pierre. The Origins of Statics: The sources of Physical Theory. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 1991.

FLORENZANO, Modesto. Notas sobre tradição e ruptura no Renascimento e na Primeira Modernidade. Revista de História, São Paulo, v. 135, p. 19-29, 1996.

FRANCO JR., Hilário. A Idade Média: Nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2006.

GALILEI, Galileu. Diálogo sobre os dois máximos sistemas do mundo ptolomaico e copernicano. São Paulo: Discurso Editorial/ Imprensa oficial, 2004.

GRANT, Edward. Os fundamentos da ciência moderna na Idade Média. Porto: Porto Ed., 2002.

GRANT, Edward. Science and Religion, 400 B.C. to A.D. 1550: From Aristotle to Copernicus. Westport: Greenwood Press, 2004.

HALL, Alfred Rupert. The Scientific Revolution, 1500 – 1800: The Formation of the Modern Scientific Attitude. London: Green and Co., 1954.

HANNAM, James. The Genesis of Science: How the Christian Middle Ages Launched the scientific Revolution. Washington: Regnery Publishing, Inc., 2011.

KOESTLER, Arthur. O Homem e o Universo: Como a Concepção de Universo se Modificou, Através dos Tempos. São Paulo: IBRASA Instituição Brasileira de Difusão Cultural Ltda, 1989.

KOYRÉ, Alexandre. Do Mundo Fechado ao Universo Infinito. Rio de Janeiro: Editora Forense-Universitária Ltda., 1986.

KRAGH, Helge. Introdução à Historiografia da Ciência. Porto: Porto Editora, 2001.

KUHN, Thomas Samuel. A Revolução Copernicana: a astronomia planetária no desenvolvimento do pensamento ocidental. Lisboa: Edições 70, 2017.

LE GOFF, Jacques. A história deve ser dividida em pedaços? São Paulo: Editora Unesp, 2015.

LINDBERG, David C. Conceptions of the Scientific Revolution from Bacon to Butterfield: A preliminary sketch. In: LINDBERG, David C.; WESTMAN, Robert S. (ed.). Reappraisals of the scientific Revolution. Cambridge: Cambridge University Press: 1990. p. 1-26.

LINDBERG, David C. Los inicios de la ciencia occidental: La tradición científica europea em el contexto filosófico, religioso e institucional (desde el 600 a. C hasta 1450). Tradução de Antonio Beltrán. Barcelona: Ediciones Paidós Ibérica, S. A., 2002.

LUTERO, Martinho. Obras selecionadas: Os Primórdios Escritos de 1517 a 1519. Canoas: Editora da Ulbra, 2004. v. 1.

MAGALHÃES, Gildo. Ciência e Conflito: Ensaios sobre História e Epistemologia de Ciências e Técnicas. São Paulo: Book Express Editora, 2015.

MAIA, Carlos Alvarez. História das Ciências, uma história de historiadores ausentes: precondições para o aparecimento dos sciences studies. Rio de Janeiro: Eduerj, 2013.

MARICONDA, Pablo Rubén. Duhem e Galileu: Uma Reavaliação da Leitura Duhemiana de Galileu In: ÉVORA, F. R. R. Século XIX: o nascimento da ciência contemporânea. Campinas: Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência – UNICAMP, 1992. p. 123–160.

MILLER, Donald. G. Duhem, Pierre. In: GILLISPIE, Charles Coulston. Dicionário de biografias científicas. Rio de Janeiro: Contraponto, 2007. p. 653-662.

NASCIMENTO, Carlos Arthur Ribeiro do. O que é filosofia medieval. São Paulo: Brasiliense, 2004.

NUMBERS, Ronald Leslie. Mitos e verdades em ciência e religião: uma perspectiva histórica. Revista de Psiquiatria Clínica, São Paulo, v. 36, n. 6, p. 250-255, 2009.

NUMBERS, Ronald Leslie (org.). Galileu na Prisão: e outros mitos sobre ciência e religião. Lisboa: Gradiva, 2012.

OLIVEIRA, Amélia de Jesus. Duhem e Kuhn: continuísmo e descontinuísmo na história da ciência. 2012. Tese de Doutorado em Filosofia – Universidade Estadual de Campinas – IFCH-Campinas: 2012.

OLIVEIRA, Amélia de Jesus. História e filosofia da ciência na obra de George Sarton. Revista Brasileira de História da Ciência, Rio de Janeiro v. 9, n. 1, p. 126-138, jan./jun. 2016.

PAUL, H. Key issues in Historical Theory. Nova Iorque: Routledge, 2015.

PÉREZ TAMAYO, Ruy. La Revolución Científica. México: Fondo de Cultura Económica, 2012.

PRINCIPE, Lawrence M. The Scientific Revolution: A Very Short Introduction. Oxford: Oxford University Press, 2011.

RUMMEL, Erika. The humanist-scholastic debate in the Renaissance & Reformation. Harvard: Harvard University Press, 1998.

SAGAN, Carl. Cosmos. São Paulo: Companhia das letras, 2017

SARTON, George. Introduction to the History of Science. Baltimore: The Williams & Wilkins Company, 1962.

SARTON, George. The history of Science and the new humanism. New Brunswick: Transaction Books, 1988.

SHAPIN, Steven. The scientific revolution. Chicago: The University of Chicago Press, 1996.

SYMONDS, John Addington. Renaissance in Italy: The revival of learning. Londres: Smith, Elder & Co., 1900.

VOLTAIRE, François. The Works of M. de Voltaire. Tradução de T. Smollett et al. Londres: 1778. v. 1 Disponível em: https://play.google.com/books/reader?id=J6AOHvwva9UC&pg=GBS.PA1. Acesso em: 13 nov. 2020.

WALSH, James Joseph. The popes and science: the history of the papal, relations to science during the middle ages and down to our own time. Nova Iorque: Fordham University Press, 1908.

WHEWELL, William. History of the inductive sciences. Londres: Frank Cass & Co. LTD., 1967.

WOOTTON, David. The Invention of Science: A New History of the Scientific Revolution. Nova Iorque: Harper Collins Publisher, 2015.

Publicado

2022-02-18

Cómo citar

CAMBRAIA KARAT GOUVÊA DA SILVA, L. Continuidade e descontinuidade em História da Ciência: reflexões sobre a dimensão histórica do debate. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 14, n. 37, p. 282–311, 2022. DOI: 10.15848/hh.v14i37.1783. Disponível em: https://revistahh.emnuvens.com.br/revista/article/view/1783. Acesso em: 18 may. 2024.

Número

Sección

Artículo de revisión