Redimensionando

uma forma de “leitura crítica” aplicada à Historik de Jörn Rüsen

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2000

Palavras-chave:

Meta-episteme, Teoria da História, Dependência acadêmica

Resumo

O objetivo deste artigo é redimensionar a Historik de Jörn Rüsen, a partir do acréscimo de uma dimensão metaepistêmica às demais dimensões que estruturam o projeto deste historiador alemão. Essa proposta é apresentada como exercício de um sentido próprio de “leitura crítica”, construído em diálogo com teorias sobre a condição de subalternidade dos(as) intelectuais do sul global e, sobretudo, com as estratégias que oferecem para enfrentá-la. O fio condutor de tais reflexões são: a) as ideias de corpo, e incorporação como metáforas da alimentação e da antropofagia para pensar a incorporação de ideias, conceitos e teorias, mas também a rejeição delas como um ato de bulimia ideológica; b) a ideia de leitura crítica como dinâmica de influxo/refluxo de ideias que, como resultado
final, são tanto reconhecidas quanto redimensionadas. Esse redimensionamento, em conclusão, é apresentado como proposta de acréscimo de uma dimensão meta-epistêmica como instância que antecede as dimensões da
pragmática, da científica, da tópica e da didática.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Carolina Barbosa Pereira, Universidade Federal da Bahia

É Professora de Teoria e Metodologia da História na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Referências

AKIWOWO, A. Indigenous sociologies: extending the scope of the argument. International Sociology, 1999, v. 14, n. 2, p. 115-138. SAGE (London, Thousand Oaks, CA and New Delhi). Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/0268580999014002001. Acesso em 26 de junho de 2022 às 16h34.

ALCOFF, L. Visible Identities: Race, Gender, and the Self. New York: Oxford University, 2005.

ALMEIDA, Silvio. “A cultura do “cancelamento” é a antipolítica por excelência”. Disponível em: https://disparada.com.br/cancelamentoantipolitica. Acesso em: 26 junho de 2022 às 12h21.

BUTLER, J. A vida psíquica do poder: teorias da sujeição. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.

BUTLER, J. Relatar a si mesmo: crítica da violência ética. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015.

CARNEIRO, A. S. A Construção do Outro como Não-Ser como fundamento do Ser. (Tese de Doutorado), São Paulo, Feusp, 2005, 340p.

CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 2007.

CONNELL, R. A iminente revolução na teoria social. Revista brasileira de ciências sociais, 2012, n. 27, p. 09-20.

CONNELL, R. Usando a teoria do Sul: descolonizando o pensamento social na teoria, na pesquisa e na prática. Revista Epistemologias do Sul, Foz do Iguaçu, 2017, v. 1, n .1, p. 87-109. Disponível em: https://revistas.unila.edu.br/epistemologiasdosul/article/view/783/652 Acesso em 01 de junho de 2023.

CONNELL, R. Southern theory: the global dynamics of knowledge in social science. Routledge, 2020.

DERRIDA, J. Il faut bien manger ou le calcul du sujet. In: DERRIDA, Jacques. Points de suspension: entretiens. Editions Galilée, Paris, 1992.

DERRIDA, J.Manger l’autre: politiques de l’amitié. Seminario inédito archivado en la Derrida Collection /Critical Theory Collection/Special Collections and Archives/ UCI Library, California, USA. Box 10, files 8 – 15, 1989 – 1990.

FARID ALATAS, S. An introduction to the idea of alternative discourses. Asian Journal of Social Science, 2000, v. 28, n. 1, p. 1-12. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/24492996 Acesso em 01 de junho de 2023.

FARID ALATAS, S. Alternative discourses in Asian social science: Responses to Eurocentrism. Sage, Thousand Oaks, 2006.

FARID ALATAS, S. La dependencia académica: el desafio intelectual. In: SABEA, H.; BEIGEL, F. Dependencia académica y profesionalización en el Sur: perspectivas desde la periferia. Mendoza: Editora de la Universidad Nacional de Cuyo, 2014.

FEBRVE, L. O problema da incredulidade no século XVI: a religião de Rabelais. Companhia das Letras, São Paulo, 2009.

FREITAS, I. “A recepção da teoria da história de Jörn Rüsen em periódicos brasileiros especializados. In: OLIVEIRA, M. M. D. de; SANTIAGO JÚNIOR, F.C. F.; LIMA, C. R. C. (org.). Jörn Rüsen: teoria, historiografia, didática. 1ed. Ananindeua: Cabana, 2022. p. 137-166.

GERBI, A. O Novo Mundo: história de uma polêmica (1750-1900). São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

GRECO, J. Episteme: Knowledge and Understanding. In: TIMPE, K.; BOYD, C. Virtues and Their Vices. Oxford/UK: Oxford University Press, 2014. p. 285-301.

HOUNTONDJI, P. J. Conhecimento de África, conhecimento de africanos: duas perspectivas sobre os estudos africanos. In: SANTOS, B. de S.; MENESES, M. P. Epistemologias do Sul. Coimbra: G. C., 2013, 542p.

HUSSEIN ALATAS, S. Intellectual imperialism: definition, traits, and problems. Asian Journal of Social Science, 2000, v. 28, n. 1, p. 23-45. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/24492998 Acesso em 01 de junho de 2023.

HUSSEIN ALATAS, S. The Captive Mind and Creative Development. In: MUKHERJI, Partha Nath; SENGUPTA, C. (ed.). Indigeneity and universality in social science: a South Asian response. Sage, New Delhi/Thousand Oaks/ London, 2004, 405p.

LÉVI-STRAUSS, C. Natureza e Cultura. In: LÉVI-STRAUSS, C. As estruturas elementares do parentesco. Petrópolis, Vozes, 2009, 540p.

MIGNOLO, W. Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Cadernos de Letras da UFF, Niterói, 2008, v. 34, n. 1, p. 287-324. Disponível em: http://professor.ufop.br/sites/default/files/tatiana/files/desobediencia_epistemica_mignolo.pdf Acesso em 01 de junho de 2023.

PEREIRA, A.C. B. Precisamos falar sobre o lugar epistêmico na Teoria da História. Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 10, n. 24, p. 88-114, abr/jun. 2018. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180310242018088 Acesso em 01 de junho de 2023.

PEREIRA, A. C. B. Sobre o lugar epistêmico na teoria da História. In: Esteban Vedia; Mercedes Melo.. (org.). Politicas del tiempo y politicas de la historia. 1ed. Neuquén: EDUCO - Editorial Universitaria del Comahue, 2019a. v. 1. p. 205-210.

PEREIRA, A. C. B. Na Transversal do Tempo: natureza e cultura à prova da História. 1. ed. Salvador: EDUFBA, 2019b.

PEREIRA, A. C. B. O “formalismo teleológico” em Jörn Rüsen: perspectivas sobre a interculturalidade. In: OLIVEIRA, M. M. D. de; SANTIAGO JÚNIOR, F. das C. F.; LIMMA, C. R. C. (org.). Jörn Rüsen: teoria, historiografia, didática. 1ed. Ananindeua: Cabana, 2022, p. 184-208.

RÜSEN, J. Razão histórica: teoria da história, os fundamentos da ciência histórica. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2001.

RÜSEN, J. Reconstrução do passado: teoria da história II, os princípios da pesquisa histórica. Brasília: UnB, 2007.

RÜSEN, J. História viva: teoria da história III, formas e função do conhecimento histórico. Brasília: UnB, 2010.

RÜSEN, J. Teoria da História: uma teoria da História como ciência. Curitiba: Editora UFPR, 2015.

RÜSEN, J. Cultura faz sentido: orientações entre o ontem e o amanhã. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

RÜSEN, Jörn. Jörn Rüsen - O Futuro da Didática da História - PPGH-UFG-PPGH História-UFPE-IRPR. PPGH-UFG, YouTube, 19 de setembro de 2022, 1:35:46. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=XEUbWzc4xiA

SALVATERRA, V.C. Comer al otro: retoricas de la alimentación: Una lectura del seminario inédito Manger l’autre de Jacques Derrida (1989-1990). Trans/Form/Ação, Marilia, 2020, v. 43, p. 343-368. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/transformacao/article/view/7474. Acesso em 01 de junho de 2023.

SANTOS, S. R. dos. A inserção dos trabalhos de Jörn Rüsen no Brasil e a interpretação da teoria da didática da história nas pesquisas brasileiras (2010-2017). 2020. Dissertação (Mestrado em História) - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2020.

VIVEIROS DE CASTRO, E. O mármore e a murta: sobre a inconstância da alma selvagem. In: VIVEIROS DE CASTRO, E. A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2002, 549p.

VIVEIROS DE CASTRO, E. No Brasil todo mundo é índio, exceto quem não é. In: RICARDO, F. P. (ed.). Povos Indígenas no Brasil, 2001-2005. ISA, São Paulo, 2006.

WAGNER, R. A invenção da cultura. São Paulo: Ubu Editora, 2017.

Downloads

Publicado

2023-08-07

Como Citar

PEREIRA, A. C. B. Redimensionando: uma forma de “leitura crítica” aplicada à Historik de Jörn Rüsen. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 16, n. 41, p. 1–28, 2023. DOI: 10.15848/hh.v16i41.2000. Disponível em: https://revistahh.emnuvens.com.br/revista/article/view/2000. Acesso em: 18 maio. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: Corpos, tempos, lugares da historiografia