Os usos abusivos da historiografia profissional pelos negacionismos históricos no Brasil em tempos de crise democrática
o caso do “Guia politicamente incorreto da história do Brasil”
DOI:
https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2020Palavras-chave:
Negacionismo histórico, usos abusivos da historiografia, crise democrática brasileiraResumo
O objetivo deste artigo é examinar as especificidades do negacionismo histórico praticado pelo Guia politicamente
incorreto da história do Brasil, tanto em seu formato impresso, publicado em 2009, como na versão adaptada para
a TV, que foi ao ar em 2017. A hipótese sugere que esse tipo de negação abusa de verdades possíveis delineadas
pela historiografia profissional, sobretudo do topos das agências subalternas. Busco inspiração teórica nos conceitos de “história abusiva” e “memória manipulada”, propostos, respectivamente, por Antoon De Baets e Paul Ricoeur. O texto está dividido em três partes: primeiro, examino o uso abusivo do topos da agência escrava, desenvolvido pela “nova história da escravidão” nos anos 1980. Em seguida, faço o mesmo para o topos da agência indígena, desenvolvido pela “nova história indígena” nos anos 1990. Demonstro como uso abusivo é motivado por finalidades políticas eticamente repulsivas que pretendem negar a necessidade de políticas públicas reparatórias destinadas a grupos sociais historicamente oprimidos. Na conclusão, proponho uma agenda teórico/política de enfrentamento a essa modalidade de negacionismo histórico.
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