Enredar a loucura
a “dialética dos monstros” na história da arte de Aby Warburg
DOI:
https://doi.org/10.15848/hh.v13i34.1683Palavras-chave:
Aby Warburg, História da Arte, AutobiografiaResumo
No ano de sua morte, em 1929, o historiador alemão Aby Warburg escreveu no diário de sua Biblioteca sobre a conexão que acreditava existir entre a sua vida pessoal e o seu projeto de pesquisa sobre a vida póstuma da Antiguidade. De acordo com ele, um “reflexo autobiográfico” teria feito com que sua condição como esquizofrênico se projetasse sobre o seu diagnóstico por imagens da “esquizofrenia do Ocidente”. Esse efeito especular permite ver a sua obra não apenas como um empreendimento intelectual, mas também como um espaço terapêutico fundado no entrelaçamento essencial entre sujeito e objeto. Ao transformar o seu drama psíquico num drama cultural coletivo, Warburg estabelece as condições para que a sua pesquisa acadêmica figure como um front na sua “luta contra os monstros”. Neste artigo, pretendo explorar esse reflexo autobiográfico a partir de três momentos de sua obra como psico-historiador: o ensaio sobre Lutero e imaginação astrológica; a conferência sobre o ritual da Serpente e a reflexão sobre os riscos do ofício do historiador.
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