Escritas insubmissas
indisciplinando a História com Hortense Spillers e Saidiya Hartman
DOI:
https://doi.org/10.15848/hh.v14i36.1719Palavras-chave:
Histórias não convencionais, Cultura historiográfica, Compreensão históricaResumo
Este artigo demonstrará o potencial indisciplinar do que definiremos como escritas insubmissas da história. Isso será feito em dois momentos: inicialmente através da procura de Hortense Spillers por uma “nova gramática”, capaz de redefinir a forma estereotipada como os negros são pensados e escritos no presente; em seguida, terá como foco o conceito de “fabulação crítica”, proposto por Saidiya Hartman, que é tanto uma alternativa teórica para exceder ou negociar lacunas do arquivo da escravidão, quanto uma reflexão indisciplinar sobre o que faz o historiador. Antes, porém, explicaremos como essas escritas insubmissas da história fazem parte de uma tradição radical negra, que, desde o final do século XIX, tem se insurgido contra o disciplinamento epistêmico ocidental. Desafios teóricos, veremos, que semprem estiveram profundamente conectados com as demandas político-sociais dos protestos radicais contra a violência antinegra nos Estados Unidos. Ao término, a partir das considerações de Spillers e Hartman, este texto enseja pensar a indisciplina como um fim radical possível em um mundo antinegro.
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