A Odisseia de Clarice Lispector

“estar morta ou ser o mar”

Autores

  • Lorena Lopes da Costa Universidade Federal do Oeste do Pará

DOI:

https://doi.org/10.15848/hh.v17.2119

Palavras-chave:

Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, Penélope, Estudos de recepção clássica

Resumo

Este texto se dedica a um estudo de recepção clássica e defende que Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres é uma releitura da Odisseia, capaz de estabelecer com a fonte antiga uma relação ambígua que mobiliza tal característica como ferramenta para enfrentar a obra precedente. O livro de Clarice Lispector tanto incorpora personagens e hábitos de uma determinada interpretação da poesia épica quanto busca romper com eles, revelando outra camada interpretativa do poema. Para apresentar como o material odisseico é reescrito na literatura clariceana, o presente artigo dialoga ainda com outros textos, especialmente aqueles que, publicados nas páginas femininas dos jornais para os quais a autora trabalhou, demonstram seu interesse pelo que podemos chamar de literatura feminista, especialmente por Virginia Woolf.

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Biografia do Autor

Lorena Lopes da Costa, Universidade Federal do Oeste do Pará

Professora Adjunta de Teoria da História na UFOPA. Doutora em História pela UFMG, sob orientação do Prof. Dr. José Antonio Dabdab Trabulsi.

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Publicado

2024-12-25

Como Citar

LOPES DA COSTA, L. A Odisseia de Clarice Lispector: “estar morta ou ser o mar”. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 17, p. 1–19, 2024. DOI: 10.15848/hh.v17.2119. Disponível em: https://revistahh.emnuvens.com.br/revista/article/view/2119. Acesso em: 2 jan. 2025.

Edição

Seção

Artigo original