A tortura reivindicada

como o bolsornarismo reencena o passado ditatorial em chave atualista

Autores

  • Mariana Joffily Universidade do Estado de Santa Catarina
  • Daniel Barbosa de Andrade Faria Universidade de Brasília
  • Paula Franco Franco UnB

DOI:

https://doi.org/10.15848/hh.v16i41.2031

Palavras-chave:

Ditadura militar, Historicismo, Tempo Histórico

Resumo

A chegada de Jair Bolsonaro à presidência da república deu ensejo a muitas análises empenhadas em compreender
a relação do político com o passado da ditadura militar – tema fortemente reivindicado em seus discursos e falas
públicas. Neste artigo problematizamos as noções de temporalidade envolvidas nesse retorno ao passado, discutindo as noções de historicismo e de atualismo e situando as falas bolsonaristas sobre a ditadura e, mais precisamente, sobre a repressão política, dentro do leque mais amplo dos discursos públicos dos militares brasileiros sobre a violência do Estado. Nossa tese é a de que Bolsonaro, embora se apresente como herdeiro dos militares que participaram da repressão política, representa uma ruptura radical em relação às estratégias discursivas desse setor. Concluímos que ele rompe um enquadramento discursivo que nega o emprego sistemático da tortura e, ao fazer a defesa explícita da violência como instrumento de poder, retoma a ditadura não como um passado, mas como um projeto inacabado, a ser atualizado no presente.

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Biografia do Autor

Mariana Joffily, Universidade do Estado de Santa Catarina

Mariana Joffily é professora do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado de Santa Catarina. Pesquisa temas relacionados com repressão política, ditaduras militares do Cone Sul e transição democrática. É autora do livro No centro da engrenagem (2013), que recebeu o Prêmio Memórias Reveladas do Arquivo Nacional.

Daniel Barbosa de Andrade Faria, Universidade de Brasília

Daniel Faria é professor do Departamento de História da Universidade de Brasília, na área de Teoria da História. Tem publicado trabalhos sobre as relações entre História e Literatura e sobre a questão do Tempo Histórico. É autor do livro O Mito Modernista (2006).

Paula Franco Franco, UnB

Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília UnB, com bolsa CNPq, contemplada com bolsa PDSE Capes para Doutorado Sanduíche junto ao Instituto de Investigaciones Gino Germani da UBA (fev.-jul./2022). Mestra pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) com a dissertação "A escuta que produz a fala: o lugar do gênero nas comissões estaduais e nacional da verdade" (2017). Bacharel e licenciada em História pela Universidade Federal de São Paulo (2013). Trabalhou como Coordenadora de Direito à Memória e à Verdade no órgão que presta apoio à Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (Ministério dos Direitos Humanos). Trabalhou como pesquisadora para a Comissão Nacional da Verdade. Colaborou com as pesquisas da Comissão Camponesa da Verdade no estado de SP. É editora e colunista do site de divulgação científica História da Ditadura. Possui experiência como docente e em pesquisa nas áreas: História do Tempo Presente, História da América no século XX, Justiça de Transição, Estudos de Gênero, Ditadura Militar e Direitos Humanos.

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Publicado

2023-11-05

Como Citar

JOFFILY, M.; BARBOSA DE ANDRADE FARIA, D.; FRANCO, P. F. A tortura reivindicada: como o bolsornarismo reencena o passado ditatorial em chave atualista. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 16, n. 41, p. 1–30, 2023. DOI: 10.15848/hh.v16i41.2031. Disponível em: https://revistahh.emnuvens.com.br/revista/article/view/2031. Acesso em: 24 nov. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: Temporalização do tempo e regimes historiográficos