Escrita como ação
as relações entre escrita biográfica e estilo nas escolhas narrativas da obra Freud: uma vida para o nosso tempo, de Peter Gay (1988)
DOI:
https://doi.org/10.15848/hh.v17.2219Palavras-chave:
História da Historiografia, Biografia, EstiloResumo
Este artigo pretende problematizar as escolhas feitas pelo historiador alemão, radicado nos Estados Unidos, Peter Gay (1923-2015), ao dedicar-se à escrita de uma biografia de um dos mais importantes pensadores críticos da modernidade: Sigmund Freud (1856-1939). Assim, após inserir a biografia no escopo de preocupações teóricas demarcado na obra do historiador e biógrafo em questão, a análise encaminha-se para a conclusão de que, a despeito da relevância do trabalho, confirmada pelos estudiosos da obra de Gay, a biografia por ele escrita, mais que situar Freud em sua época, tende a relatar o que estava autorizado ser dito em narrativas de vida definidas como uma das formas possíveis de escrita da história, no enquadre dos últimos anos do século XX, como denuncia o próprio subtítulo do estudo biográfico ora examinado.
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