As bases da episteme nacional da mestiçagem
Joaquim Nabuco, Silvio Romero e Nina Rodrigues
DOI:
https://doi.org/10.15848/hh.v17.2240Palavras-chave:
História das ideias, História do Brasil, EpistemologiaResumo
No presente texto, abordamos a mestiçagem como episteme, fundamento conceitual construído pela intelectualidade brasileira e chave-mestra explicativa da formação do país como Estado e nação no século XIX. A partir da produção intelectual de Joaquim Nabuco, Sílvio Romero e Nina Rodrigues, representantes da “geração de 1870”, analisamos a complexidade dos debates e as ambiguidades presentes no processo de construção de teses que buscaram na “raça” as explicações para os problemas de constituição da nação e do “povo” brasileiro; em seguida refletimos sobre como, a partir desse processo, originou-se a tradição de afirmação e celebração da mestiçagem como negação da racialização e da etnização do elemento nacional.
Downloads
Referências
ALONSO, Ângela. Ideias em movimento: a geração 1870 na crise do Brasil Império. São Paulo, Paz e Terra, 2002.
ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
BANTON, Michael. A ideia de raça. Lisboa: Edições 70, 1977.
BECHELLI, Ricardo Sequeira. Metamorfoses na interpretação do Brasil-Tensões no paradigma racial (Silvio Romeiro, Nina Rodrigues, Euclides da Cunha e Oliveira Vianna). Tese de Doutorado em História Social. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2009. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-24072009-150811/en.php. Acesso em: 15/07/2024.
CORRÊA, Mariza. As ilusões da liberdade: a Escola Nina Rodrigues e a Antropologia no Brasil. Bragança Paulista: Editora da Universidade de São Francisco, 2001.
CORRÊA, Mariza. Os livros esquecidos de Nina Rodrigues. Gazeta Médica da Bahia, n. 76, Suplemento n. 2, 2006, p. 60 – 62.
COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república: momentos decisivos. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1999.
FANTÁSTICO. Médica é acusada de racismo contra paciente: “Disse que mulheres pretas têm mais probabilidade de ter cheiro forte nas partes íntimas”. Portal G1, 11/06/ 2023. Disponível em: Médica é acusada de racismo contra paciente: ‘Disse que mulheres pretas têm mais probabilidade de ter cheiro forte nas partes íntimas’ | Fantástico | G1 (globo.com) Acesso em: 10/02/2023.
FOUCAULT, Michel. Genealogia da ética, subjetividade e sexualidade. Ditos e escritos. V. IX. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014.
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. São Paulo: Martins Fontes, 2016.
FREYRE, Gilberto. Casa grande & senzala. São Paulo: Global, 2012.
GUIMARÃES, Antônio Sérgio Alfredo. Raça, cor, cor da pele e etnia. Cadernos de Campo (São Paulo 1991), v. 20, n. 20, p. 265-271, 2011. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5748298/mod_resource/content/3/36801-Texto%20do%20artigo-43339-1-10-20120808%20%281%29.pdf. Acesso em: 15/07/2024.
GUIMARÃES, Manoel L. Salgado. Nação e civilização nos trópicos: o IHGB e o projeto de uma História nacional. Revista Estudos Históricos, n.1, p. 3-27, 1988.
HOBSBAWM, Eric. A era dos impérios (1875 – 1914). São Paulo: Paz e Terra, 2005.
MAIO, Marcos Chor. A medicina de Nina Rodrigues: análise de uma trajetória científica. Cadernos de Saúde Pública, v. 11, n. 2, abr./jun. 1995, p. 226 – 237. Disponível em: debate (scielo.br). Acessado em: 10/07/2024.
MARIZ, Silviana Fernandes. A produção acadêmica sobre as relações étnico-raciais no Brasil e no Ceará: a construção do afrodescendente. Tese (doutorado). Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós graduação em Educação Brasileira, Fortaleza, Ceará, 2012. Disponível em: Repositório Institucional UFC: A produção acadêmica sobre as relações étnicorraciais no Brasil e no Ceará: a construção do afrodescendente. Acesso em: 10/02/2024.
MERLO, Hugo. A mestiçagem como conceito histórico: uma descrição teórica. Revista Teoria da História. V. 26, n. 1, 2023, p. 100 – 119. Disponível em: A mestiçagem como conceito histórico: Uma descrição teórica | Revista de Teoria da História (ufg.br) Acesso em: 10/02/2024.
MINGOTE, Bianca. Presidente do Movimento Pardo-Mestiço critica resultados do Censo 2022 na CPI das ONGs. Rádio Senado. 22/08/2023. Disponível em: Presidente do Movimento Pardo-Mestiço critica resultados do Censo 2022 na CPI das ONGs — Rádio Senado. Acesso em: 13/05/2024.
MOTA, Maria Aparecida Resende. Sílvio Romero: dilemas e combates no Brasil da virada do século XX. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 2000.
MUNANGA, Kabenguele. Discutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. 5ª Ed. Belo Horizonte: Autêntica; 2019.
NABUCO, Joaquim. O abolicionismo. Brasília: Senado Federal, 2003. Disponível em: O Abolicionismo (senado.leg.br).Acesso em: 21 nov. 2011
NASCIMENTO, Abdias do. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
RIBEIRO, Darcy. Mestiço é que é bom. Rio de Janeiro: Revan, 1997.
RODRIGUES, Nina. As raças humanas e a responsabilidade penal no Brazil. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2011.
RODRIGUES, Nina. Os Africanos no Brasil. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2010.
RODRIGUES, Nina. Mestiçagem, degenerescência e crime. Revista História, Ciências, Saúde - Manguinhos. V. 15, nº. 04, p. 1151 – 1182, out. – dez, 2008. Disponível em: SciELO - Brasil - Mestiçagem, degenerescência e crime Mestiçagem, degenerescência e crime . Acesso em: 10/02/2024.
ROMERO, Sylvio. História da Literatura Brasileira. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1888. Disponível em: Domínio Público - Detalhe da Obra (dominiopublico.gov.br) .Acesso em: 10/02/2024.
SANTIAGO, Silviano. Intérpretes do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Nina Rodrigues: um radical do pessimismo. IN: BOTELHO, André; SCHWARCZ, Lilia Moritz (org.). Um enigma chamado Brasil: 29 intérpretes e um país. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 90 – 103.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Espetáculo da miscigenação. Estudos Avançados. V. 8, n. 20, p. 137-152, jan./abr. 1994.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil – 1870 1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Quando a desigualdade é diferença: reflexões sobre antropologia criminal e mestiçagem na obra de Nina Rodrigues. Gazeta Médica da Bahia, Salvador, nº 76, Suplemento 2, p. 47-53, 2006.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade. V. 20, n. 2, 1995, p. 71 – 99. Disponível em: Gênero: uma categoria útil de análise histórica | Educação & Realidade (ufrgs.br) Acesso em: 10/02/2024.
SERAFIM, Vanda Fortuna. Revisitando Nina Rodrigues: um estudo sobre as religiões afro-brasileiras e o conhecimento científico no século XIX. Maringá: Eduem, 2013.
SKIDMORE, Thomas. Preto no branco: raça e nacionalidade no pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.
SKIDMORE, Thomas. O Brasil visto de fora. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.
VON MARTIUS, Karl Friedrich. Como se deve escrever a História do Brasil. Revista de História da América, n. 42, 1956, p. 433 – 458.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Silviana Mariz
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
O envio de manuscrito para a revista garante aos seus autores a manutenção dos direitos autorais sobre o mesmo e autoria que a revista realize a primeira publicação do texto. Os dados, conceitos e opiniões apresentados nos trabalhos, bem como a exatidão das referências documentais e bibliográficas, são de inteira responsabilidade dos autores.
Este obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.