Pensar o diferente na História

Um balanço da historiografia cigana do século XIX ao século XXI

Autores/as

  • Lenilson Portela Universidade Federal do Piauí
  • Francisco de Assis de Sousa Nascimento Universidade Federal do Piauí - Campus Ministro Petrônio Portella

DOI:

https://doi.org/10.15848/hh.v17.2108

Palabras clave:

História da historiografia, Antropologia histórica, Cultura historiográfica

Resumen

O presente artigo busca estabelecer uma análise da produção historiográfica sobre os ciganos entre os séculos XIX e XXI. A partir disso, buscamos mapear as principais publicações sobre essa minoria étnica produzidas no Brasil e Portugal nesses três séculos, em língua portuguesa. Após indicação dos elementos introdutórios, a escrita segue apontando a dificuldade de inclusão historiográfica desses sujeitos para, em seguida, pensar sobre as três fases de desenvolvimento de estudos sobre os ciganos. A primeira etapa é caracterizada pela produção etnográfica e folclorista, e o segundo momento é de protagonismo dos trabalhos desenvolvidos no âmbito dos programas de pós-graduação no Brasil e, por fim, de debates promovidos no seio de movimentos políticos e instituições jurídicas de defesa da causa cigana. Os textos apresentados variam em estilo, ênfase, fontes, aporte teórico, recortes espacial e geográfico, mas de algum modo tentam preencher a lacuna existente na produção do conhecimento sobre povos ciganos no Brasil e no mundo ocidental. A historiografia cigana se encontra em situação limitada de desenvolvimento, em função de questões como: a dificuldade de parte dos centros de produção de conhecimento em percebê-los como sujeitos históricos e políticos; a ausência de orientadores capacitados para orientação desse tema; o pouco interesse dos historiadores; e o acesso limitado aos seios das comunidades de ciganos, que transmitem a sua cultura e história via oralidade. A proposta deste estudo se baseia nas discussões apresentadas por Rodrigo Corrêa Teixeira, François Laplatine e Geraldo Pieroni.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Citas

ADICHE, Chimamanda Ngozi. O perigo de uma História única. Chimamanda Ngozi Adiche; tradução Julia Romeu. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

ANDRADE JUNIOR, Lourival. Milagreira cigana Sebinca Christo: sublimação no catolicismo não-oficial brasileiro. Curitiba: Editora CRV, 2021.

BETHENCOURT, Francisco. Racismos: das cruzadas ao século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

BLOCH, Marc Leopold Benjamim. Apologia da História ou o Ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

BRASIL. Ministério Público Federal. Câmara de Coordenação e Revisão, 6. Coletânea de artigos: povos ciganos: direitos e instrumentos para sua defesa / 6a Câmara de Coordenação e Revisão, Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais. – Brasília: MPF, 2020.

CAIRUS, Brigitte Grossmann. Mio Vacite: Anticiganismo, Transnacionalismo e a formação da União Cigana do Brasil. In. BRASIL. Ministério Público Federal. Câmara de Coordenação e Revisão, 6. Coletânea de artigos: povos ciganos: direitos e instrumentos para sua defesa / 6a Câmara de Coordenação e Revisão, Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais. – Brasília: MPF, 2020.

CARVALHO, J. M. A construção da ordem: a elite política imperial; Teatro de sombras: a política imperial. 2 edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

CIGANOS DO BRASIL. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro. 15 de julho de 1986. p. 03.

COELHO, Adolfo. Os ciganos de Portugal: Com um estudo sobre o calão. Lisboa: Etnográfica Press, 1995.

COSTA, Elisa Lopes da. O Povo Cigano em Portugal: da História à Escola. Um Caleidoscópio de Informações. Setúbal: CIOE/ESE, 1996.

COSTA, Elisa Lopes da. O Povo Cigano entre Portugal e terras de Além-mar (séculos XVI-XIX). Lisboa: Grupo de Trabalho do Ministério da Educação para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1997.

COUTINHO, Cassi Ladi Reis. Os Ciganos nos registros policiais mineiros (1907-1920). Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, 2016.

DONOVAN, Bill M. (1992). “Changing Perceptions of Social Deviance: Gypsies in Early Modern Portugal and Brazil” In. Journal of Social History, no 26, p. 33–53.

DOSSE, François. A história. São Paulo: Editora Unesp, 2012.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário de língua Portuguesa Aurélio. 2 edição. Curitiba: Positivo, 2011.

FERRARI, Florência. Um olhar oblíquo: contribuições para o imaginário ocidental sobre os ciganos. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Universidade de São Paulo. 2002.

FERRARI, Florencia & Fotta, Martin. (2014). Brazilian Gypsiology A view from anthropology. In. Romani Studies. 24. 111-136. 10.3828/rs.2014.6.

GARCÍA LORCA, Federico. Romanceiro cigano. São Paulo: Hedra, 2011.

GARCIA, S. G. Folclore e sociologia em Florestan Fernandes. Tempo Social, v. 13, n. Tempo soc., 2001 13(2), p. 143–167, nov. 2001.

GODOY, Priscila Paz. O povo Invisível: Os ciganos e a emergência de um direito libertador. Belo Horizonte: Editora D ́plácido. 2016.

HOBSBAWM, Eric J. Bandidos. 5 edição. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra. 2017.

LORCA, Federico García. Romanceiro cigano. São Paulo: Hedra, 2011.

MACÊDO, Oswaldo. Ciganos: natureza e cultura. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1992.

MAYALL, David. English Gypsies and State Policies. Hatfield: University of Hertfordshire Press, 1995.

MENINI, Natally Chris da Rocha. “Indesejáveis necessários”: os ciganos degredados no Rio de Janeiro Setecentista. 2021.

p. Tese (Doutorado em História). Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Departamento de História e Relações Internacionais, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2021.

MORAES, Mello Filho. Os ciganos no Brasil e o Cancioneiro dos Ciganos. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia: São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1981.

NORONHA, Gilberto (2019). Povos Ciganos em Territórios Ibéricos e seu degredo para o Brasil. In. Imaginários, Poderes e Saberes: História Medieval e Moderna em Debate. Gilberto Noronha e Cleusa Teixeira de Sousa (org.). São Paulo: Paco Editorial, 2019.

NUNES, Olímpio. O Povo Cigano. Porto: Apostolado da Imprensa, 1981.

PEREIRA, Cristina da Costa. Os ciganos ainda estão na estrada. 2 edição. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.

PEREIRA, Cristina da Costa. Povo cigano. Rio de Janeiro: Gráfica Mec, 1985.

PEREIRA, Cristina da Costa. Lendas e Histórias Ciganas. Rio de Janeiro: Editora Imago, 1991.

PEREIRA, Cristina da Costa. Ainda é tempo de Sonhos. Rio de janeiro: Editora Imago, 1992.

PERROT, Michelle. Os excluídos da História: operários, mulheres e prisioneiros. 7 edição. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2017.

PIERONI, Geraldo. Vadios e ciganos, heréticos e bruxas: os degredados no Brasil-Colônia. 2 edição. Rio de Janeiro: Berntrand Brasil, 2002.

REA, C. A. Redefinindo as fronteiras do pós-colonial. O feminismo cigano no século XXI. In. Revista Estudos Feministas, v. 25, n. 1, p. 31–50, jan. 2017.

SILVA, Maria Auxiliadora Carvalho e. De salteadores errantes a mártires e milagreiro: representações sociais de ciganos na cidade de Esperantina – PI. 2011. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal do Piauí.

SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar?. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

SOUZA, Laura de Mello e. Desclassificados do ouro: a pobreza mineira no século XVIII. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 20017.

TEIXEIRA, Rodrigo Corrêa. Ciganos no Brasil: uma breve História. 2 edição. Belo Horizonte: Crisálida. 2009.

TEIXEIRA, Rodrigo Corrêa. PIMENTA, Gabriel Fernandes. Bibliografia crítica da ciganologia brasileira: as primeiras contribuições. In. Ciganos no Brasil: cultura, sociedade e resistência. NASCIMENTO, Francisco de Assis de Sousa. PORTELA, Lenilson Rocha. LIMA, Nilsângela Cardoso (orgs.). Teresina: Cancioneiro, 2023.

THOMPSON. E.P. A história vista de baixo. Campinas: Editora da Unicamp, 2001.

THOMPSON. E.P. As peculiaridades dos ingleses e outros artigos. E. P. Thompson; organizadores: Antonio Luigi Negro e Sergio Silva. Campinas: Editora da Unicamp, 2012.

VARGAS, Fábio Aristimunho. Resgatando a “ciganidade” do Romanceiro gitano. In. LORCA, Federico García. Romanceiro cigano. São Paulo: Hedra, 2011.

Publicado

2024-12-14

Cómo citar

PORTELA, L.; DE SOUSA NASCIMENTO, F. de A. Pensar o diferente na História: Um balanço da historiografia cigana do século XIX ao século XXI. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, Ouro Preto, v. 17, p. 1–28, 2024. DOI: 10.15848/hh.v17.2108. Disponível em: https://revistahh.emnuvens.com.br/revista/article/view/2108. Acesso em: 22 dic. 2024.

Número

Sección

Artículo original