Pensar o diferente na História
Um balanço da historiografia cigana do século XIX ao século XXI
DOI:
https://doi.org/10.15848/hh.v17.2108Palavras-chave:
História da historiografia, Antropologia histórica, Cultura historiográficaResumo
O presente artigo busca estabelecer uma análise da produção historiográfica sobre os ciganos entre os séculos XIX e XXI. A partir disso, buscamos mapear as principais publicações sobre essa minoria étnica produzidas no Brasil e Portugal nesses três séculos, em língua portuguesa. Após indicação dos elementos introdutórios, a escrita segue apontando a dificuldade de inclusão historiográfica desses sujeitos para, em seguida, pensar sobre as três fases de desenvolvimento de estudos sobre os ciganos. A primeira etapa é caracterizada pela produção etnográfica e folclorista, e o segundo momento é de protagonismo dos trabalhos desenvolvidos no âmbito dos programas de pós-graduação no Brasil e, por fim, de debates promovidos no seio de movimentos políticos e instituições jurídicas de defesa da causa cigana. Os textos apresentados variam em estilo, ênfase, fontes, aporte teórico, recortes espacial e geográfico, mas de algum modo tentam preencher a lacuna existente na produção do conhecimento sobre povos ciganos no Brasil e no mundo ocidental. A historiografia cigana se encontra em situação limitada de desenvolvimento, em função de questões como: a dificuldade de parte dos centros de produção de conhecimento em percebê-los como sujeitos históricos e políticos; a ausência de orientadores capacitados para orientação desse tema; o pouco interesse dos historiadores; e o acesso limitado aos seios das comunidades de ciganos, que transmitem a sua cultura e história via oralidade. A proposta deste estudo se baseia nas discussões apresentadas por Rodrigo Corrêa Teixeira, François Laplatine e Geraldo Pieroni.
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